Entre a cruz e a espada

"razão versus emoção"

 

“Você só tem uma chance”! O que você preferiria, morrer na cruz ou por golpe de espada?

 

Nos tempos atuais é remota a possibilidade de uma pessoa morrer crucificado ou golpeado por uma espada. Porém essa expressão popular pode ser aplicada a vários cenários de nossa vida. Ela revela a sabedoria de que, muitas vezes, nos deparamos com situações em que todas as alternativas não são muito boas. Exemplifico com o caso de Nadir.

 

Diante de uma senhora, acompanhada de uma criança, pedindo esmolas dentro do estacionamento de um mercado privado, Nadir fez a seguinte reflexão: “se eu der esmola vou contribuir para que ela continue pedindo neste local, e ainda poderei fomentar outros pedintes a se direcionarem ao mesmo estacionamento.” Isso pode ser visto como uma decisão racional (razão).

 

Entretanto, Nadir também pensou: “posso ajudar a senhora com um alimento para que possa preparar para si e a seus familiares ao chegar em casa [se é que ele tem uma].” Essa seria uma decisão misericordiosa (emocional).

 

Nadir sempre preferiu ajudar instituições filantrópicas a dar esmolas na rua, com o fim de evitar a proliferação de pedintes (razão). Entretanto, nos últimos tempos Nadir tem deixado um pouco de lado a racionalidade e, muitas vezes, até tomando a iniciativa em dar a esmola, ou mesmo elogiando quem faz o mesmo.

 

Voltando ao caso da senhora na porta do supermercado, diante do impasse em ajudar ou não, Nadir refletiu: “se Jesus estive no meu lugar como Ele decidiria? Será que Jesus seria racional ou misericordioso?” A partir destas indagações, Nadir não teve dúvida: “‘entre a razão e o coração’ Jesus ajudaria.” Foi o que fez Nadir, doou um pacote de biscoito.

 

Contudo, poderá o leitor questionar: e a razão onde fica? Nadir arrisca-se a responder: “Deus tem uma lógica própria para os que são misericordiosos...”